segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O mapa da estiagem

Parte do Rio Grande do Sul já enfrenta condições de estiagem. As regiões em que as condições são mais críticas são a Campanha e o Sudoeste gaúcho. Na Metade Norte, apesar de em alguns pontos mais a Oeste a precipitação estar abaixo da média nesta primavera, em muitos municípios a chuva ainda está dentro de um patamar razoável de volumes. Veja no mapa de risco de seca em escala global como se sobressai a América do Sul. Na imagem ampliada do Rio Grande do Sul, nota-se que o quadro se deteriorou mais justamente na fronteira com o Uruguai, justamente onde a MetSul a precipitação tende a ficar mais abaixo da média por conta da influência do fenômeno La Niña.
A precipitação na estação convencional do Instituto Nacional de Meteorologia em Uruguaiana, na Fronteira Oeste, é de apenas 12,2 milímetros. No mês passado, a mesma estação acusou 44,4 milímetros, ou seja, 56,6 milímetros em 50 dias. Em setembro, a convencional de Uruguaiana teve ao redor de 150 milímetros, a maior parte durante a primeira metade do mês. Significa que a chuva está abaixo da média no município há pelo menos 60 dias, o que explica porque os mapas com índice de seca mostram um cenário mais complicado no Sudoeste gaúcho.
Numa rápida pesquisa histórica, são raras as ocasiões em que se viu uma primavera com tão pouca chuva na região de Uruguaiana. Sobressaem os anos de 1917 (2010 tem o maior valor médio da SOI desde 1917) e 1924 (ano de eventos tardios de frio fortes como 2010), ambos usados no atual pacote de análogos para projeção climática da MetSul, e 1956. A propósito, como curiosidade, ao longo dos últimos cem anos, quase sempre que a estiagem se instalou cedo na primavera com uma sequência de dois a quatro meses de precipitação muito abaixo da média, mais concentrada no último trimestre do ano, houve na sequência ao menos um mês mais chuvoso durante o verão, e que em alguns anos teve até volumes bastante elevados (200 a 400 milímetros).
Em São Leopoldo, onde tivemos na quinta-feira uma reunião para tratar da baixa do Rio dos Sinos e a possibilidade de uma contingência por escassez de água no verão, o déficit de precipitação está perto de 200 milímetros nos últimos 60 dias. O quadro pouco mudou na Campanha, mas a chuva ocorrida ao longo dos últimos dez a quinze dias trouxe alguma melhora para o Sul gaúcho e principalmente para o Uruguai, como se pode ver na animação a seguir.
O cenário segue ainda mais favorável quanto à precipitação na maioria das localidades em Santa Catarina e no Paraná. Estes dois estados, aliás, devem ter chuva neste começo de semana. Modelos rodados na Europa são os mais agressivos em termos de chuva, indicando alguns acumulados até excessivos em alguns pontos. Algumas soluções colocam a chuva mais forte durante a segunda metade do domingo e outros na segunda-feira. Entre segunda e terça, as áreas de chuva forte se deslocam para o Sudeste do Brasil. Altos índices de instabilidade neste domingo e em parte da segunda-feira sugerem ainda possíveis temporais isolados de vento e granizo. No Rio Grande do Sul, as precipitações neste começo de semana tendem a ficar mais concentradas, de novo, na Metade Norte, onde temporais isolados também não podem ser descartados.

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